terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Poder e a mídia


Depois do momento nostálgico com a “oração da maçaneta” cunhada sob emoção do dias dos pais, fiquei meditando sobre a próxima crônica a serconstruída para o PBAGORA.

Após alguns dias comecei a analisar as principais manchetes dos telejornais, rádios, portais e jornais do Brasil.

Assim, como outras profissões a exemplo da medicina, arquitetura e tantas outras, o jornalismo já não é o mesmo.

É preciso antes de qualquer coisa, registrar que não há nenhuma generalização nas necessárias críticas aoestilo e status das profissões liberais pós século vinte um, haja visto, que sempre vão existir bons profissionais.

O poder bem ou mal utilizado move moinhos e muda, em alguns casos, o rumo até dos ventos.

Nesta matiz, a Mídia, em um hipotético Estado totalitário, vem sendo adormecida e arrefecida pelo maior tranquilizante e anestésico da modernidade personificado pelo poder dos dirigentes, o dinheiro.

Não faz muito tempo era um dos “caras pintadas” e junto a milhares estudantes machei pelas ruas da cidade onde sol nasce primeiro para exigir moralidade, mudança e respeito ao dinheiro e patrimônio público.

No dia "D” como ficou conhecido saímos de frente a Praça da Independência na Capital paraibana, com direção a conhecida Praça de João Pessoa, onde ficam a sede dos três poderes (Judiciário, Executivo e Legislativo). Lembro como se fosse hoje, de um servidor da Assembléia Legislativa da Paraíba, conheci pelo uniforme e brasão do legislativo estampado na camisa, que quando estava chegando na Praça João Pessoa,me disse:

_ Menino vai estudar, essa palhaçada não acabou ainda, por conta da televisão, rádio e jornal. Quando o quarto poder quer, ele faz!

De plano retruquei:

_ O senhor já ouviu falar na parábola do beijo-flor? Essa é minha gota d’água para esse processo de mudança. Cadê a sua?

E continuei na marcha e com as palavras de força.

A frase daquele simples servidor do Poder Legislativo é muito significativa: “Quando o quarto poder quer, ele faz!”

Naquele momento, assim como no Estado hipotético, aqui referenciado, um tal de Tony Blair versão tropical, anestesiava boa parte da mídia asfixiando os melhores e mais imparciais jornalistas a blindarem o certo ditador, que realizava as maiores loucuras e atrocidades já vistas.

Bem verdade, a força do tranquilizante tem prazo de validade, e se coincide com os seis meses anteriores o término do mandato ditatorial, momento em que as amarras se libertam, as grades se abrem, os porões não suportam a gigante e inefável liberdade de expressão.

Impossível esconder a tristeza da mudança de rumo e postura de alguns profissionais desse Estado hipotético, que embarcam na política do pão e circo, revestida de empáfia e soberba do déspota de plantão, que parece a ninguém escutar ou mesmo consultar.

Ledo engano, pois sempre vai existir fortes jornalistas como o grande e memorável Castelinho e editorias como o do inesquecível Pasquim, que não se dobraram ao lado negro da força.

Feliz quimera para os livres, pois, o tempo passa muito rápido, daqui a pouco é Natal, e com a festa natalina inicia-se o processo de libertação do “quarto poder”, que junto com o povo, quando quer, faz!

domingo, 14 de agosto de 2011

Oração da maçaneta


Hoje é dias dos Pais, uma data normal que foi batizada pelo sistema mercantil para incrementar as vendas e aquecer o mercado. Coisas do capitalismo selvagem, tão combatido por Marx.

Como todo pai “coruja” tratei de planejar uma viagem especial com meus dois filhos, Marcos Neto e o irrequieto Izaquinho.

Viemos para Natal, fiz uma vasta programação, que ia de brincadeiras na piscina do hotel até assistir um filminho básico para ajudar a cansar a garotada.

No final da noite, preparei os herdeiros para dormir e fiquei olhando eles adormecerem.

Logo me lembrei de certo dia no veraneio da praia Camboinha, quando na minha adolescência chegava pela primeira vez ao alvorece dos raios, na Cidade onde o Sol nasce primeiro.

Encontrei meu velho pai na sala lendo os jornais do dia como de costumeiramente faz.

Cheguei rindo, alegre e cantando junto com alguns amigos, após a noitada entre shows e “assustados” da praia de Camboinha-PB, e disse:

_ E aí velho, acordado uma hora dessa?

Calmo e tranquilo respondeu:

_ Nada vou dormir agora, ler isso aí, cara!

Sem dar muita importância guardei um velho papel, com um poema escrito intitulado “Maçaneta” de autoria do poeta Gióia Júnior. Claro que não li, o cansaço da noitada não deixou, meses depois li e não entendi, absolutamente nada, achei uma grande bobagem.

Hoje entendo, e, vale pena ler:

MAÇANETA

Não há mais bela música

Que o ruído da maçaneta da porta

Quando meu filho volta para casa.

Volta da rua, da vasta noite,

Da madrugada de estranhas vozes,

E o ruído da maçaneta,

E o gemer do trinco,

O bater da porta que novamente se fecha,

O tilintar inconfundível do molho de chaves,

São um doce acalanto,

Uma suave cantiga de ninar.


Só assim fecho os olhos,

Posso afinal dormir e descansar.

Oh! A longa espera,

A negra ausência,

As histórias de acidentes e assaltos

Que só a noite como ninguém sabe contar!


Oh! os presságios e os pesadelos,

O eco dos passos nas calçadas,

A voz dos bêbados na rua

E o longo apito do guarda,

Medindo a madrugada,

E os cães uivando na distância,

E o grito lancinante da ambulância!

E o coração descompassado a pressentir

E a martelar

Na arritmia do relógio do meu quarto

Esquadrinhando a noite e seus mistérios. 

Nisso, na sala que se cala, estala

A gargalhada jovem

Da maçaneta que canta

A festiva cantiga do retorno.

E sua voz engole a noite imensa,

Com todos os ruídos secundários.


-Oh! Os címbalos do trinco

E os clarins da porta que se escancara,

E os guizos das muitas chaves que se abraçam,

E o festival dos passos que ganham a escada!

Nem as vozes da orquestra

E o tilintar de copos,

E a mansa canção da chuva no telhado

Podem sequer se comparar

Ao som da maçaneta que sorri,

Quando meu filho volta.


Que ele retorne sempre são e salvo,

Marinheiro depois da tempestade,

A sorrir e a cantar.

E que na porta a maçaneta cante

A festiva canção do seu retorno

Que soa para mim

Como suave cantiga de ninar.


Só assim, só assim meu coração se aquieta,

Posso afinal dormir e descansar.


Essa é a homenagem que faço a todos os pais, que hoje festejam o seu dia. Em verdade, mãe é mãe, mas pai também é pai, e nesse particular não há diferença alguma no amor que sentem pelos filhos.

Feliz dia dos pais.

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